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domingo, 5 de janeiro de 2014

Radical Transformação (inspiração)

Situado em bairro nobre, terrno que abrigava escola de natação sedia agora uma casa de veraneio
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Vista da área de lazer da casa, com piscina e painel de azulejos de Athos Bulcão Foto: Rafaella Netto/Divulgação
Marcelo Lima – O Estado de S. Paulo
Passar horas presos no carro para desfrutar um final de semana fora da capital paulista era algo que definitivamente não estava nos planos daquele jovem casal, com uma filha pequena e já à espera da segunda. Foi quando surgiu a ideia, inusitada, de construir uma casa de veraneio não nos arredores, mas em plena cidade. Mais especificamente, a menos de um quilômetro de distância do apartamento onde vive a família, no Jardim Europa. E não é que deu certo?
“Eles resolveram radicalizar. Ir para o local a pé, sem a necessidade de tirar o carro da garagem”, conta a arquiteta Clara Reynaldo, do escritório CR2 Arquitetura, uma das responsáveis por transformar em realidade o sonho do casal, que tinha acabado de adquirir uma pequena propriedade na região: uma casa bastante deteriorada, antiga sede de uma escola de natação, encontrada em condições tão precárias, a ponto de inviabilizar qualquer tentativa de reforma.
“Além de não se ajustar ao programa de uma habitação contemporânea, a casa ocupava praticamente 100% do terreno e não oferecia nenhuma área verde. Não tivemos outra escolha a não ser demolir”, conta Clara, para quem o fato de se operar em um terreno tão estreito e de dimensões tão reduzidas já impunha uma série de limitações construtivas. A começar pela própria montagem do canteiro.
“Em áreas pequenas como esta, preferimos construir com estruturas metálicas. Da armazenagem à instalação, tudo fica facilitado. As vigas e os pilares já chegam prontos à obra e podem ser montados em poucos dias. Ao contrário do concreto, que precisa ser moldado in loco, requer espaço para ser manuseado e demanda tempo de desforma.”
Feitas as contas, não restam dúvidas que o tempo de obra foi amplamente beneficiado pelo sistema construtivo adotado. Com duas suítes, cozinha integrada ao estar e lounge externo, a casa, totalizando 185 m², – ou 213 m², se consideradas as varandas – foi concluída no prazo recorde de sete meses. O andar térreo concentrando as dependências de lazer. O superior, a área íntima, incluindo os quartos de hóspedes.
Nos dois pavimentos, integrar visual e espacialmente a construção a seu entorno por meio de grandes vãos, caixilhos e painéis de vidro se transformou na principal preocupação do escritório. No primeiro andar, as varandas se abrem totalmente para o ambiente externo, protegidas da incidência do sol por meio de pergolados. Ora, com vista para o jardim interno. Ora, paras as copas das árvores da rua. “Eles queriam contar com uma casa compacta, com espaços flexíveis e, de preferência, construída em área menor do que a permitida, ampliando as possibilidades de lazer ao ar livre. Os revestimentos deveriam ser de fácil limpeza, comportar crianças correndo molhadas e, na medida do possível proporcionar um certo aconchego”, afirma ela.
Daí a opção pela madeira, elemento que aparece em contraposição ao branco. “Isso tudo, sem esquecer que o imóvel deveria estar apto a funcionar como moradia permanente, caso eles decidissem vendê-lo”, pontua Cecilia Reichstul, parceira de Clara no projeto.
Da mesma forma, a área externa, assinada pelo paisagista Rodrigo Oliveira recebeu deck e piscina de raia única. Nada mais do que isso, diante da exigência dos proprietários de poupar espaço. “Para eles era importante contar com a maior área livre possível. Acredito que esta situação é o que mais diferencia a casa do apartamento onde eles vivem. É o que mais os faz sentir fora da cidade ” arrisca a arquiteta.
Espécie de menina dos olhos da dona do imóvel, um painel de azulejos azuis e brancos ocupa toda a extensão da parede lateral à piscina. “Definimos o desenho em conjunto com ela. Como ex-moradora de Brasília, ela cresceu em contato com as obras do artista. Para nós também não deixou de ser motivo de grande satisfação, afinal, é também uma homenagem à arquitetura modernista, que admiramos tanto”.

Traço atemporal, suplemento Casa Estadão de 5 jan 2014

Perriand sai do papel

A casa de madeira, em formato de ‘U’, foi construída, pela primeira vez, em Miami. Stephane Muratet/Divulgação
Marcelo Lima / O Estado de S.Paulo
Como em quase todas as plantas compactas, os quartos ficam ao lado do banho. Cozinha, sala de jantar e living, na ala oposta. Entre as duas extremidades, uma cobertura de tecido drena a luminosidade. Madeira do piso ao teto, incluindo as paredes. Pitadas de azul aqui e ali. Em tudo afinada com as atuais exigências de funcionalidade, transparência e sustentabilidade, uma casa que parece ter acabado de ser construída. E de fato o foi. Apesar de ter sido projetada em 1934.
Quase oitenta anos depois de ter sido concebida, La maison au bord de l’eau – ou, em livre tradução, A casa à beira d’água –, um dos projetos mais conhecidos da arquiteta e designer francesa Charlotte Perriand, foi finalmente concluída e implantada. Não na sua França natal, como era de se supor. Mas na vibrante South Beach, em Miami, onde chegou vinda da Itália, de navio, praticamente pronta para montar.
Veja mais fotos na galeria abaixo.
“Ela era apaixonada por esse projeto, que, apesar de particularmente importante, jamais havia sido realizado”, comentou a filha de Charlotte, Pernette Perriand Barsac, durante a inauguração da casa, instalada nos fundos do Hotel Raleigh, pela grife de bolsas Louis Vuitton. Uma espécie de tributo a uma das mais influentes personalidades da arquitetura do século 20 (leia mais abaixo), que acabou por se transformar em uma das atrações mais comentadas do roteiro de exposições satélites ao Design Miami, que aconteceu no início de dezembro.
“Trata-se de um projeto pioneiro, no qual construção, interiores e mobiliário são vistos em solução de continuidade. Não mais como elementos desvinculados. Acredito ser essa sua contribuição mais fundamental”, afirmou Pernette, que trabalhou com a mãe por mais de 25 anos e se ocupou de todos os detalhes envolvendo a materialização da casa: da pesquisa das plantas aos interiores.
Concebido como um alojamento de férias, desmontável e de baixo custo, originalmente para um concurso promovido pela revista francesa L’Architecture d’Aujourd’hui – no qual Charlotte ganhou o segundo lugar –, o projeto surpreende por sua atualidade. Em formato de “U”, a construção, de madeira com estrutura de aço inoxidável, se divide em duas alas. Como elemento intermediário, um terraço, coberto com painéis de lona para maximizar a exposição à luz.
Apoiada sobre pilares – o que na versão de Miami foi apenas sugerido –, a estrutura, conforme atestam os originais de Charlotte, deveria abrir espaço para uma garagem e uma área de armazenamento no térreo. Dessa forma, a casa poderia se situar tanto no campo quanto no litoral. “Minha mãe adorava estar ao ar livre. Na montanha ou na praia, mas sempre perto da água”, disse Pernette.
Os interiores, apesar de ultramodernos para a época, remetem a elementos tradicionais da arquitetura japonesa, outra das fixações de Charlotte. “Ela costumava dizer que o importante não era o objeto, mas o homem. Dessa forma, a casa deveria ser discreta e homogênea também por dentro. Como acontece no Japão”, pontuou sua filha.
Assim, na montagem, delicadas molduras com reproduções de desenhos da arquiteta servem de pano fundo para móveis limpos, de carvalho, nogueira e couro, projetados entre 1929 e 1942, especialmente confeccionados pela Louis Vuitton para a exibição. Entre eles, somente a chaise longue Pliante, com assento acolchoado, finalizada em 1939, foi efetivamente produzida e comercializada pelo ateliê da arquiteta. Ainda que apenas em 20 unidades feitas artesanalmente.
Como ela, todas as demais peças foram numeradas e assinadas pela Louis Vuitton, compondo um acervo raro, nunca antes editado. “A abordagem de Charlotte Perriand para a questão da funcionalidade tem uma conexão direta com nosso trabalho”, afirmou Julie de Libran, diretora de criação da grife francesa, que antecipa para o próximo verão uma coleção completa inspirada na arquiteta, que, mais uma vez pioneira, se prepara agora para invadir as vitrines das 468 butiques Vuitton ao redor do mundo.


Pesquisadora da arte de viver
Arquiteta e designer, a francesa Charlotte Perriand (1903-1999) dedicou sua vida a pesquisar uma “arte de viver” em sintonia com seu tempo. Discípula de Le Corbusier, foi desde sempre interessada nas questões de seu tempo, como a habitação, o projeto de equipamentos coletivos e a busca de um habitat mais funcional. Uma das primeiras mulheres a trabalhar como arquiteta, designer e planejadora, integrou a equipe de projeto no estúdio dos modernistas Corbusier e Pierre Jeanneret, tendo colaborado no projeto de diversos móveis icônicos. Sua criação mais célebre, a chaise longue LC4, por exemplo, originalmente revestida com couro de cabra, foi reeditada pela italiana Cassina especialmente para a semana de design de Miami, em dezembro passado, com novo figurino, de lona e couro.

Chaise Longue LC4, a mais célebre criação de Charlotte Perriand

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Bem-vindo à casa do futuro

Ciência e tecnologia
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07/06/2010 - 16:05 - ATUALIZADO EM 07/06/2010 - 16:16
Bem-vindo à casa do futuro
Conheça a construção que aliará beleza, tecnologia e preocupação com o meio ambiente. Ela será erguida por universitários brasileiros em São Paulo
ELISEU BARREIRA JUNIOR (TEXTO) E DAVID MICHELSOHN (INFOGRAFIA)
Divulgação
CASA SOLAR FLEX
Desenho em 3D da residência. Ela será autossuficiente em energia elétrica
Dentro de algumas semanas, jovens estudantes de seis universidades públicas brasileiras começarão a colocar de pé aquela que promete ser a casa do futuro. Ela aliará em 42 metros quadrados de área útil desenvolvimento tecnológico, preocupação ambiental e beleza arquitetônica. Imaginada desde agosto de 2008, a Casa Solar Flex nasce com o objetivo de se tornar uma alternativa sustentável para tempos de aquecimento global. Sua autossuficiência em energia, obtida dos raios solares, poderá ser usada para alimentar a rede elétrica das nossas cidades e ajudará a reduzir a necessidade de fontes energéticas caras e poluidoras.

A residência é resultado do trabalho de uma equipe multidisciplinar formada por alunos de graduação e pós-graduação de arquitetura, engenharia, design e marketing da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), da Universidade de Campinas (Unicamp), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Eles se uniram há dois anos depois de participar de um concurso no qual o desafio era pensar uma moradia ecologicamente correta, inovadora e capaz de ser instalada em diferentes tipos de climas e regiões. As melhores propostas foram reunidas num projeto único que originou a Casa Solar Flex. 
Concebida sob a supervisão de professores e especialistas, ela está dividida em três partes: uma área técnica, onde se concentram os elementos elétricos, hidráulicos e de ar-condicionado; uma segunda parte, em que ficam o quarto, a cozinha e o banheiro; e uma terceira, que compreende a sala de estar. Seu espaço interno pode ser moldado de acordo com as necessidades do morador e as paredes e móveis são feitos de madeira de reflorestamento. Na fachada, há painéis fotovoltaicos que captam os raios do Sol e produzem energia. Eles podem ser movimentados automaticamente de acordo com a incidência da radiação solar. No telhado, elaborado por uma das empresas patrocinadoras do projeto, encontram-se fixados mais painéis. No total, 64 placas são utilizadas, 48 somente na cobertura. Além de suportar o peso das placas, o telhado possui um sistema de passarelas que permite ao morador limpá-las com segurança – o acúmulo de poeira pode diminuir a eficiência de produção de energia dos equipamentos.

No Brasil, ainda não existem painéis fotovoltaicos como os utilizados no projeto. Eles são considerados os melhores e mais caros do mercado. Lucas Sabino Dias, estudante da UFSC, diz que a casa foi concebida segundo a realidade climática europeia. Adaptada ao clima brasileiro, a residência não precisaria de placas tão eficientes, o que baratearia os custos. Estima-se que o valor de construção do metro quadrado da Casa Solar Flex seja de cerca de R$ 11 mil reais. “É importante lembrar que fizemos uma Ferrari da arquitetura”, afirma Arthur Lins, aluno da UFSC. “Utilizamos tecnologias de ponta e componentes de alto desempenho, muitos dos quais ainda não difundidos no mercado.” A Casa Solar Flex pretende, portanto, fornecer novos conceitos para a construção civil.

Cada painel fotovoltaico utilizado no projeto produz 100 watts de energia por metro quadrado de área de placa – cada placa tem, em média, 2 metros quadrados. Essa eletricidade poderá ser injetada diretamente na rede de abastecimento das cidades. A empresa de distribuição de energia recebe a eletricidade gerada ao longo do dia pelos painéis e supre a casa nos momentos em que ela não produz nada. “Para isso funcionar no Brasil, é preciso haver uma regulamentação específica sobre a conexão de residências desse tipo com a rede”, diz Cláudia Andrade Oliveira, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e uma das coordenadoras do projeto. “Em um futuro nem tão distante, além de não pagar pelo consumo de energia, será possível até ganhar dinheiro com a casa”, afirma Lucas. Isso quer dizer que o morador poderá deixar de comprar energia elétrica e obter receita, o que já acontece na Europa.
Pioneirismo

Divulgação
EQUIPE MULTIDISCIPLINAR
Foto dos estudantes que participam do projeto da Casa Solar Flex tirada em setembro de 2009. Em pé (da esquerda para a direita): Vinicius Libardoni, Fernanda Antônio, Fernanda Kemeid, Yuri Kokubun, Ananda Galvão, André Nobre, Romullo Baratto, Arthur Lins, Caique Schatzmann, Erik Yassuo Yuki , Fábio Lofrano, Cauê Carneiro e Hugo Narumiya. Sentados (da esquerda para a direita): professora Cláudia Andrade Oliveira, Daniel Winnik, Lucas Dias, Gregory Valente, Suzana Bozza, Juliana Albuquerque, Diego Tamanini, André Montes, Andréa Haritçalde e Bruna Maurélio
Outras inovações do projeto estão nos sistemas de iluminação, controle de temperatura, água e esgoto. A casa é iluminada por um sistema de LED (chamado também de diodo emissor de luz, porque a emite quando energizado), em que é possível mudar sua tonalidade. O conforto térmico é mantido por meio de um aerogel, colocado dentro das paredes, por um sistema de ar-condicionado e pelo uso de vidros duplos preenchidos com um gás. Esse tipo de vidro é de baixa emissividade, deixando passar a luz e barrando os raios infravermelhos. No banheiro, é utilizado o vaso seco, sistema pouquíssimo comum no Brasil. Ele faz a compostagem dos dejetos que podem ser eliminados diretamente na terra, sem causar impactos no solo. A casa precisa ser alimentada pela rede de abastecimento de água, mas possui um sistema capaz de armazenar a água da chuva e realizar um tratamento mínimo. Para esquentar a água que sai do chuveiro e das torneiras, há dois painéis fotovoltaicos.

Mais do que uma residência que agrega tudo o que há de high tech na construção civil, a Casa Solar Flex é um trabalho pioneiro no meio acadêmico brasileiro. Pela primeira vez, seis universidades públicas formaram uma equipe de estudos que pretende transformar o modo como as casas são pensadas no país. “Esse projeto é inovador porque partiu de uma vasta pesquisa de materiais que considerou o desempenho técnico, construtivo e de segurança conforme as regras da ABNT e da Norma Europeia”, diz Rúbia Eucaristia Barreto, doutoranda responsável pela área de gestão de risco. “Algo que não acontece normalmente.”

Aliado a isso, está o ganho profissional dos estudantes. Os alunos, muitos deles de graduação, puderam vivenciar todas as etapas da concepção da residência, uma experiência que não teriam em suas faculdades. Para isso, deslocaram-se de seus Estados de origem até São Paulo, onde a casa será erguida, e participaram de um intercâmbio acadêmico na USP. “Aprendemos a desenvolver uma arquitetura mais eficiente do ponto de vista energético e que respeita o meio ambiente”, afirma Fernanda Antônio, estudante da UFRGS. “Uma experiência única em nossa trajetória profissional.” Agora que o trabalho chega a sua etapa final, os estudantes pretendem rodar com a Casa Solar Flex por diferentes Estados brasileiros e mostrar para a população como será morar bem e com consciência ambiental.
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comentários
  • LEANDRO S.A. | SP / SÃO PAULO | 08/06/2010 11:23
    Muito Bom!
    A todos os envolvidos nesse projeto: PARABENS! Gostaria que vcs tb conhecessem o trabalho de Jaque Fresco, que desenvolveu o Venus Project. thevenusproject.com Sucesso às novas tecnologias! 
  • CÁSSIO RODRIGUES | DF / BRASÍLIA | 08/06/2010 08:59
    Parabéns!!!!!!!!!!!
    Prezados colegas de profissão e futuros de colegas, Parabéns!!!!!!!!! É de emocionar. Estou torcendo daqui para que políticos e demais abracem esta idéia com com CONSCIÊNCIA. E, também, continuo fazendo a minha parte no que tange os meus limites. Abraço a todos e muita sorte. 
  • ANDERSON | RS / GETULIO VARGAS | 08/06/2010 08:22
    Ok
    Parabenizo o projeto porém deveríamos pensar em algo econômicamente viável, caso contrário fica só no projeto pois ninguém vai construir uma casa desse tamanho gastando R$11.000 o m² somente por respeito a natureza.... pesquisem algo que alie tecnologia e responsabilidade sócio ambiental com economia que o sucesso será garantido 

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Números do Censo 2010, um Brasil melhor

O Jornal da Band de 29 de novembro, numa vinheta de passagem,  chamava a atenção para a notícia do bloco seguinte: 190 milhões em ação. A notícia:  Somos 190.732.694 pessoas em todo o Brasil.   Resultado do Censo 2010 divulgado  pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que em  dez anos, o aumento da população foi de 12,3%, em números absolutos isso significa 20.933.524 pessoas. 
A boa notícia é que estamos crescendo menos. Na década anterior o aumento tinha sido de  15,6%. O reverso da medalha é que se a bomba da superpopulação foi desarmada, a melhoria das condições econômicas  tem levado a um aumento da expectativa de vida  e longevidade. Isso vai ter um peso absurdo sobre essa geração daqui a alguns anos. Haja cálculo atuarial para acomodar tanta gente sob o guarda-chuva da Previdência Social! O Joelmir Betting comentou os números, fez comparações. A reportagem apresenta a  Região Sudeste ainda como  a mais populosa do Brasil, com 80.353.724 pessoas. São Paulo , o mais populoso, tem 41.252.160 pessoas. Já Roraima é o estado menos populoso, com 451.227 pessoas. Há mais mulheres que homens, sim. Quase 4 milhões de diferença e aí os números apresentados - friamente - não condizem com a realidade das ruas. dentre os municípios, o  maior percentual de mulheres cabe a  Santos (SP), com 54,25%. Faltou dizer que lá também temos o maior percentual de idosos. Ou idosas...
Ficou com Balbinos (SP), o maior percentual de homens - com 82,2%. Só esqueceram de dizer que eles não estão nas ruas, nos bares - à disposição do público feminino. Estão presos. O presídio local é maior que a cidade, daí a distorção dos frios números apresentados pelo IBGE.
Beleza ficou a coroa!  Veja no site do IBGE como ficou a antiga pirâmide, que agora ganhou um novo formato- de cúpula do Taj Mahal, ou monumento ao amor.!


http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/imprensa/ppts/0000000237.pdf




                                      HOMENS              MULHERES
Brasil                            93.390.532               97.342.162
Região Norte                   8.004.129                 7.861.549
Região Nordeste           25.906.209               27.171.928
Região Sudeste            39.069.051               41.284.673
Região Sul                    13.435.295                13.949.520
Região Centro-Oeste      6.975.848                  7.074.492













quarta-feira, 14 de abril de 2010

Rodoanel: a maior obra ou uma mentira contada mil vezes




                                                                 

estrada


















fotos do google imagens
sem créditos

Ouço dizer na propaganda da TV que o Rodoanel é a maior obra viária em curso do País. Legal, mas vindo de São Paulo é melhor checar a fonte.Paulistas tem mania de grandeza. Vício de originalidade, porque pensam que destas terras saem todas as soluções para o resto do País. Maior obra  em quê? Em volume de tráfego? 200 mil veículos - dia, segundo a Dersa. Sim, talvez. Mas a obra em si não é a maior. Quem conhece o Brasil, que não de avião,  sabe que a maior obra em curso é a duplicação da BR 101 entre os estados de Pernambuco e o Rio Grande do Norte. São 400 km de pistas duplas, totalmente reformuladas, haja vista que a via original virou desvio ou estrada de serviço, tal a precariedade. O Rodoanel - entre tantas "dificuldades" pegou terra nua pela frente, com poucas desapropriações e são apenas 61 km de pistas, pontes e viadutos. A BR passa dentro de pequenos municípios e a obra está mudando a cara da região. Sem contar que lá, são conscritos do EXÉRCITO BRASILEIRO que tocam as máquinas, fazem a obra com esmero e uma limpeza que só vendo. Dos oito lotes, três estão nas mãos do BEC - Batalhão de Engenharia e Construções. Os soldados de coturno e roupa camuflada barateiam custos. Jovens recrutas - possivelmente desempregados, sem a farda, já têm profissão quando forem dispensados da armada. Vão para construção civil.Há muito o que fazer pelo nordeste, tão lindo e tão pobre. Sobre a BR, há um relatório completo na página do DNIT, mas vale a pena comparar um pequeno quadro que resume a obra:
INFORMAÇÕES GERAIS
BR-101 NORDESTE
Gerenciamento:
Extensão:
398,90 Km

RN: 81,40 Km
PB: 129,00 Km
PE: 188,50 Km

Data de Início da Obra: 22/12/2005

Data Prevista para o Término: 4º Trimestre de 2010

Investimento Global:
R$ 1,94 bilhão
Eu grifei o valor da obra, sim. Menos de 2 bi em 400 km. Aqui em São Paulo, 61 km custam 5 bilhões de reais. Será que o cimento aqui é mais caro? A mão-de-obra? Abaixo os trechos e cidades por onde a nova estrada vai levar riquezas, mercadorias e turistas., com muito mais segurança. 

Rio Grande do Norte

A BR-101 no Estado do Rio Grande do Norte (RN) atravessa o espaço territorial de sete municípios: Natal, Parnamirim, São José de Mipibu, Nísia Floresta, Ares, Goianinha e Canguaratema. As interferências com núcleos urbanos ocorrem em Parnamirim, São José de Mipibu, Goianinha e Canguaratema (apenas margeia o perímetro urbano). Nos demais municípios a rodovia percorre a área rural.




Ao longo do Estado, a rodovia desenvolve-se por 81,4 Km, desde o entroncamento com a RN-063, até a divisa RN/PB, extensão essa que foi subdividida em dois lotes: Lote 1 e Lote 2.

Paraíba

A BR-101 no Estado da Paraíba (PB) atravessa o espaço territorial de dez municípios: Mataraca, Rio Tinto, Mamanguape, Santa Rita, Bayeux, João Pessoa, Conde, Alhandra, Pedras de Fogo e Caapora. As interferências com núcleos urbanos ocorrem na localidade de Pitanga da Estrada (Mamanguape), Bayeux e Mamanguape (apenas o perímetro urbano).

Ao longo do Estado, a rodovia desenvolv-se por 129,0 Km, desde a divisa RN/PE até a divida PB/PE, extensão essa que foi subdividida em três lotes de projetos, que compreende os Lotes 03, 04 e 05 das obras.
Pernambuco

A BR-101 no Estado de Pernambuco (PE) atravessa o espaço territorial de quinze municípios: Abreu e Lima, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Escada, Goiana, Igarassu, Itapissuma, Jaboatão dos Guararapes, Joaquim Nabuco, Olinda, Palmares, Paulista, Recife e Ribeirão. As interferências com núcleos urbanos ocorrem em Goiana, Abreu e Lima, Cabo e Palmares. Nos demais municípios a rodovia atravessa perímetros urbanos (região metropolitana de Recife) e áreas rurais.

Ao longo do Estado, o trecho de interesse da rodovia desenvolve-se por 188,50 Km, desde a divida de PB/PE até o entroncamento com a PE-126 em Palmares, extensão essa que foi subdividida em quatro lotes de projetos que compreendem os Lotes 06, 07 e 08 das obras, além de um Lote Especial, correspondente ao Contorno de Recife.
a título de curiosidade, veja quadro do DNIT

20/12/2007Rodovia Mário Covas 

Você sabia que a BR-101 é uma rodovia translitorânea do tipo longitudinal, denominação dada às rodovias que seguem sentido Norte/Sul do país, é parte da Rodovia Panamericana e é oficialmente denominada de “Rodovia Mário Covas”?

Ela tem uma extensão de 4.551,4 km (incluindo os trechos não construídos) e tem seu início em Touros, no Rio Grande do Norte e tem seu ponto extremo sul no município de São José do Norte (RS), embora alguns considerem que seu término se dê em Osório (RS). Atravessa os estados de Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Encontra-se em obras de adequação da sua capacidade de tráfego e duplicação no trecho compreendido entre Natal (RN) e Palmares (PE), numa extensão de 336,5 quilômetros, com investimentos na ordem de R$ 1,7 bilhão.

O trecho entre Palhoça (SC) e Osório (RS) também está sendo duplicado.
Fonte: NCS/DNIT-PB Wikipedia



A duplicação da BR101 Nordeste é obra do PAC. Embora invisível aos paulistas, obliterados pela massiva propaganda do Rodoanel, a nova rodovia - essa sim - vai mudar a cara da região e, quem sabe, diminuir o fosso de desigualdade que separa brasileiros de riba e os do sul maravilha.
Saudações machadianas!!!


sexta-feira, 12 de março de 2010

Maquetes e discursos


foto; O Globo
Como informa o editorial da Folha (FSP 12/03/10), a "ponte é belíssima, audaciosa e colossal". Não precisa dizer mais nada, mas o jornal vai além: "arroja-se sobre uma superfície azul e plácida, em nada semelhante às águas oleosas da zona portuária". Esta é a maquete da discórdia, que fez opor o governador do Estado mais importante da Federação e o presidente da República. Políticos se esmeram em vender sonhos, obras que ainda não existem. Lula disse na oportunidade que tinha gente inaugurando maquete...Ele já fez o mesmo, mas aqui não importa. Santos e Guarujá merecem obras desse porte. Se realmente sair do papel,  será o renascimento de uma pedaço deteriorado da cidade e que já foi dos mais cobiçados. A Ponta da Praia, com seu clubes, seus apartamentos residenciais, o comércio de peixe. A enorme fila de carros da travessia por balsas vai virar coisa do passado...O que não dá para entender é a grandiosidade. Bastaria uma travessia seca, por túnel, com 1 km de extensão. Mas não! Tem que ser um tabuleiro de concreto   suportado por estais gigantes, haja vista a altura dos navios que transportam containeres para o maior porto da América do Sul. Sem contar a manutenção, com a maresia inclemente soprando seus humores contra a estrutura. Quem sabe, mais uma porta para se cobrar pedágios?! Antes de ler a Folha tive do desprazer de cruzar a Marginal Pinheiros, por sobre a ponte Ari Torres ao vir para o trabalho. Um rio poluído, turvo, coberto pela sujeira difusa da cidade, carreada por galerias e bocas de lobo que jogam detritos no rio. O cheiro impregnado no ar não deixa dúvida: o esgoto também está lá, embora haja junto à margem um coletor tronco da Sabesp que deveria carregar todas as águas negras até a ETE Barueri. Deveria. Por dever de oficio, nossos políticos deveriam se comprometer em limpar toda essa sujeira, antes de empenhar recursos públicos em obras para a posteridade. Reproduzimos no século 21 coisa de 50, 60 anos atrás. Um revival. Isso só faz reforçar nosso terceiromundismo. Até quando?  Paro por aqui. Saudações Machadianas.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Mais uma sobre pedais

carnabike 04 por ciclofaixasp.


Até que demorou. O trânsito de São Paulo - mal educado - tinha que fazer mais  uma vítima. Agora em plena ciclofaixa, aquela que liga parques, passando por avenidas largas e planas como a JK. No último domingo, 28/2, um ciclista habitual da ciclofaixa foi atropelado por um carro que fez uma conversão proibida. Teve sorte de apenas quebrar a clavícula e ser socorrido de pronto. Confesso que não tenho bicicleta, mas também não morro de inveja das pessoas que desafiam carros numa cidade como São Paulo, montados numa bike. A mim, basta a adrenalina diária de andar de moto...
A ciclofaixa é uma ideia muito boa e,  como tal, merecia ter um caráter definitivo. São Paulo - aquela do futuro e não a do Kassab, tem tudo para acomodar ciclistas - não apenas os domingueiros. E por falar neles, a ciclovia da Marginal Pinheiros foi finalmente inaugurada. Pelo governador e um punhado de asseclas que nunca mais vão pedalar por aquelas bandas. Infelizmente, a ciclovia foi entregue no afogadilho, sem os devidos acessos- hoje só é acessível pelas extremidades- separadas por 14km. Quem pedalou por lá, gostou. O domingo foi de tempo fechado e alguma chuva. Quando o sol estiver a pino, e o malcheiroso rio vizinho der o ar de sua graça, quero ver quem tem coragem de ir lá , apreciar a paisagem.  Apesar dos serviços de apoio, a ciclovia não deve ser muito utilizada. Não serve de ligação, não encurta distâncias, nem serve de opção para que toma ônibus ou trem.
 Quem usa a bicicleta como condução,  já pode evitar andar na Marginal Pinheiros - o que é muito arriscado. Para quem gosta de pedalar - simplesmente, pode ser uma boa opção. Quando ela chegar ao Parque Villa Lobos, estiver totalmente iluminada, e se um dia o rio for despoluído, podemos dizer que o poder público fez algo de bom pela saúde do povo e pela cidade. Saudações Machadianas!